|
|
HISTÓRIA
“Foi em Lisboa, em Maio de 1971, que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa decidiram escrever um livro a seis mãos, as mesmas mãos a que depois se refeririam como as de três ‘aranhas astuciosas’ (Barreno / Horta / Costa 2010: 34). Cada uma das autoras havia publicado algum tempo antes livros marcados por uma forte dimensão política, que tinham desafiado, de formas diversas, os papéis sociais e sexuais esperados das mulheres: se, em Maina Mendes (1969), de Maria Velho da Costa, a protagonista, Maina, perde a fala, reinventando uma outra, nova, em Os Outros Legítimos Superiores (1970), de Maria Isabel Barreno, é denunciado o silêncio simbólico das mulheres, até pela atribuição do nome genérico ‘Maria’ a todas as personagens femininas, e em Minha Senhora de Mim (1971), de Maria Teresa Horta, a voz poética, claramente identificada como feminina, reivindica para si o direito de falar do corpo, do desejo e da sexualidade da mulher.
Nesse encontro de Maio de 1971, ficou acordado que, para a escrita em conjunto, as autoras partiriam do romance epistolar Lettres Portugaises, publicado anonimamente por Claude Barbin, em 1669, e apresentado como uma tradução, anónima também, de cinco cartas de amor endereçadas a um oficial francês por Mariana Alcoforado, jovem freira enclausurada no convento de Beja. A autoria das cartas era (e é ainda) polémica – com a crítica dividindo-se entre a própria Mariana e Gabriel-Joseph de Guilleragues –, mas o impacto que elas tiveram no século XVII continuou a fazer-se sentir ao longo dos séculos que se seguiram a essa primeira publicação. Sujeitas a constantes traduções e reedições em várias línguas, as cartas de Mariana seriam, trezentos anos depois, em 1969, publicadas em edição bilingue pela Assírio & Alvim, com o título Cartas Portuguesas, e em tradução de Eugénio de Andrade. Foi essa a edição utilizada por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
Mais relevante do que quem saber a verdadeira autoria de Cartas Portuguesas foi o facto de a figura de Mariana passar de ‘uma sombra textual anónima’ para ‘uma identidade pessoal e uma genealogia, familiar e nacional, que a configurou (…) como epítome nacionalmente representativo da feminilidade e, aos olhos dos Portugueses, da identidade nacional em geral (Klobucka 2006: 19). Essa questão do mistério relativamente à autoria viria a ser de extrema importância para a recepção do livro Novas Cartas Portuguesas – afinal, as autoras nunca revelaram publicamente quem assinava parcelarmente os textos –, desestabilizando as noções fixas de autoria e de autoridade. Não menos relevante para a concepção de Novas Cartas terá sido a escolha de Cartas Portuguesas como texto matricial justamente pelo peso simbólico de que se revestia a figura de Mariana e pela imagem feminina que delas emergia: o estereótipo da mulher abandonada, suplicante e submissa, alternando entre a adoração e o ódio, e praticando um discurso de paixão avassaladora por aquele (o cavaleiro) que se apaixonara também, mas partira depois, para não mais regressar. É esta relação de amor e devoção, de subserviência e auto-vitimização que as três autoras, três séculos depois, aproveitando-lhe os contornos mais gerais, vão desmontar e re-montar, estilhaçando fronteiras e limites, quer das temáticas, quer da própria linguagem.
À data desse encontro entre Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, em 1971, Portugal era dominado por uma ditadura fascista. Afastado do governo devido a um hematoma craniano que o deixaria incapacitado, António de Oliveira Salazar fora substituído, em 1968, por Marcelo Caetano. Salazar morreria em 1970 e o governo de Marcelo Caetano, que anunciara uma abertura política, continuava de facto a praticar uma idêntica governação ditatorial e repressiva, alheia aos processos de descolonização e das lutas pelos direitos cívicos que haviam eclodido durante toda a década de sessenta na Europa e nos Estados Unidos da América. O governo português mantinha teimosamente as chamadas ‘províncias ultramarinas’. Em 1961, eclodira uma guerra que havia, na altura do 25 de Abril de 1974, mobilizado quase 150 000 homens, na grande maioria jovens. No decurso da escrita de Novas Cartas Portuguesas, durante esse ano de 1971, os sentimentos de injustiça e revolta quanto à causa da guerra colonial aumentava entre os militares e as suas famílias. Muitos desertavam. ‘Angola é nossa’, o mote que dominara manifestações montadas a favor do regime, não surtia já qualquer efeito num país que, nos últimos dez anos, havia visto quase dois milhões dos seus habitantes atravessar as fronteiras, muitos deles clandestinamente e arriscando a própria vida, e ir construir bairros de lata em países mais prósperos. ‘Que força é essa amigo / que te põe de bem com outros / e de mal contigo’, cantava Sérgio Godinho, no seu primeiro álbum Sobreviventes. A linha que havia de revitalizar a música portuguesa, seguida por Sérgio Godinho, havia sido iniciada por José Afonso, e a sua canção ‘Vampiros’ era bem conhecida nesse ano de 1971, o mesmo ano em que um país apático assistia ao Festival da Eurovisão com Tonicha a cantar ‘Menina do Alto da Serra’. Fora de Portugal, em Janeiro desse ano, tinha lugar a terceira alunagem, a da nave Apolo 14, e o Vietname do Sul invadia Laos; em Abril, meio milhão de norte-americanos manifestava-se, em Washington, contra a guerra do Vietname; em Julho, era inaugurada a torre sul do World Trade Center; em Outubro, a Assembleia Geral das Nações Unidas admitia a República Popular da China; e, em Dezembro, Pablo Neruda ganhava o Prémio Nobel da Literatura.
Nove meses após Maio de 1971, em Lisboa, já no início de 1972, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa punham termo à escrita de Novas Cartas Portuguesas, escrevendo, em carta penúltima: ‘Em boa verdade vos digo: que continuamos sós mas menos desamparadas’ (Barreno / Horta / Costa 2010: 304). E, em Abril de 1972, o livro seria publicado, com a chancela dos Estúdios Cor, então com direcção literária de Natália Correia, que, mesmo tendo sido instada a cortar partes da obra, insistiu em a publicar na íntegra. A história que rodeou a publicação e primeira recepção da obra é conhecida por entrevistas dadas aos jornais, sobretudo por uma das suas autoras, Maria Teresa Horta: sabe-se que essa primeira edição foi recolhida e destruída pela censura de Marcelo Caetano, três dias após ter sido lançada no mercado; sabe-se do processo judicial que foi instaurado às três autoras, por terem escrito, em colaboração, mediante prévia combinação, um livro ao qual deram o nome de Novas Cartas Portuguesas, posteriormente considerado de ‘conteúdo insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública’; sabe-se dos interrogatórios da PIDE/DGS, a que as três autoras foram sujeitas, separadamente, na tentativa de se descobrir qual delas havia escrito as partes consideradas de maior atentado à moral, e também da recusa das três (que até hoje se mantém) em o revelar; sabe-se do julgamento, que se iniciou a 25 de Outubro de 1973, e que, após sucessivos incidentes e adiamentos, só não teria lugar devido à Revolução de Abril (cf. Vidal 1974).
Pensar a génese de Novas Cartas Portuguesas, integrando-as no contexto histórico, político, social e literário do Estado Novo, ajuda a compreender o seu impacto na sociedade portuguesa pós-25 de Abril e a sua recepção internacional, despoletada pela quase imediata tradução da obra em vários países ocidentais e pela sua proeminente repercussão junto de vários grupos e figuras ligadas ao feminismo internacional, ou ao mundo literário em geral. Será de recordar, depois da apreensão do livro e do processo instaurado às três autoras (um processo que, deve dizer-se, foi movido pelo próprio Estado português), a solidariedade da comunidade literária e intelectual portuguesa e estrangeira, os protestos e as manifestações em prol da causa das ‘três Marias’, como viria a ficar conhecido o processo.
(…)
Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação, ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão. Comprova-o o facto de, passados mais de trinta anos, vir ao encontro de questões prementes na agenda política actual, como a feminização da pobreza, identificada como obstáculo à promoção da paz e ao desenvolvimento mundial. Pelo seu amplo significado em termos políticos e estéticos, o livro foi — e permanece — uma obra fundamental na nossa literatura e cultura contemporâneas, revelando-se um contributo inestimável para a história das mulheres, no sentido mais lato, e para as questões relativas à igualdade e à justiça. Esse significado teve um reconhecimento além-fronteiras que nunca foi devidamente assinalado, nem estudado em Portugal, reconhecimento evidente no número espantoso de traduções para outras línguas, que o coloca entre os livros portugueses mais traduzidos no estrangeiro. Tendo estado esgotado durante mais de dez anos, o livro veria uma reedição, pela Dom Quixote, em 1998, e depois em 2001, também hoje completamente esgotada."
- Descarregar documento para impressão
AS AUTORAS*
*verbetes elaborados por Andreia Fragata Oliveira Boia
(Bolseira de Integração na Investigação - BII, Institiuto de Literatura Comparada Margarida Losa/Fundação para a Ciência e a Tecnologia).
MARIA ISABEL BARRENO
Maria Isabel Barreno de Faria Martins nasceu, em Lisboa, a 7 de Outubro de 1939. Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII) e, mais tarde, no Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, sob cuja chancela editou diversas obras com uma dimensão sociológica evidente, como Adaptação do Trabalhador de Origem Rural ao Meio Industrial Urbano (1966). Autora de variadas crónicas e ensaios em publicações nacionais e estrangeiras, a sua faceta jornalística foi mais evidente durante o período em que trabalhou como chefe de redacção da revista Marie Claire (edição portuguesa). A sua ligação ao universo feminino e aos movimentos de libertação da mulher levou-a aos Estados Unidos para proferir conferências em diversas universidades, como consequência directa da obra escrita em parceria com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, as Novas Cartas Portuguesas.
De Noite as Árvores são Negras (1968) marca a estreia de Maria Isabel Barreno como ficcionista, revelando-se uma obra que infringe os mecanismos diegéticos tradicionais, contribuindo para a renovação na novelística portuguesa. A presença do mundo feminino e a análise da realidade social são elementos essenciais da obra da autora, bem como a perspicácia das personagens femininas e a consciência de si mesmas e daquilo que as liga aos outros. Do conjunto de títulos publicados, destaque-se ainda Os Sensos Incomuns (1993) e, mais recentemente, Vozes do Vento (2009) e Corredores Secretos (2010).
Obras Publicadas
- Adaptação do Trabalhador de Origem Rural ao Meio Industrial Urbano (Lisboa: Publicações INII, 1966)
- De Noite as Árvores São Negras (Lisboa: Europa-América, 1967; 3.ª ed. Rolim, 1987)
- A Condição da Mulher Portuguesa (Lisboa: Ed. Estampa, 1968)
- Os Outro Legítimos Superiores (Lisboa: Europa-América, 1970; 2.ª ed. Caminho, 1993)
- Novas Cartas Portuguesas (com Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta) (Lisboa: Estúdios Cor, 1972; reedições: Futura, 1974; Moraes, 1980 [com prefácios de Maria de Lurdes Pintasilgo]; Dom Quixote, 1998; Dom Quixote, 2010 [Edição anotada, org. Ana Luísa Amaral])
- A Morte da Mãe (Lisboa: Moraes, 1972; 2.ª ed. Caminho, 1990)
- A Imagem da Mulher na Imprensa (1976)
- Inventário de Ana (Lisboa: Rolim, 1982; 2.ª ed. 1985)
- Contos Analógicos (Lisboa: Rolim, 1983)
- Sinos do Universo (Lisboa: Difel, 1984)
- Célia e Celina (Lisboa: Rolim, 1985)
- Contos (1985)
- O Mundo Sobre o Outro Desbotado (conto fantástico; Lisboa: Rolim, 1986)
- O Falso Neutro (1989)
- Crónica do Tempo (Lisboa: Caminho, 1990)
- O Direito ao Presente (1990)
- O Enviado (Lisboa: Caminho, 1991)
- O Chão Salgado (Lisboa: Caminho, 1992)
- Os Sensos Incomuns (Lisboa: Caminho, 1993)
- O Senhor das Ilhas (Lisboa: Caminho, 1994)
- O Círculo Virtuoso (Lisboa: Caminho, 1996)
- As Vésperas Esquecidas (Lisboa:Caminho,1999)
- Um Imaginário Europeu (Lisboa:Caminho,2000)
- Vozes do Vento (Lisboa: Sextante Editora,2009)
- Corredores Secretos (Lisboa: Sextante Editora,2010; reedição 2012)
Prémios e Distinções
1991 – Prémio Fernando Namora (por Crónica do Tempo)
1993 – Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco (pela obra Os Sensos Incomuns)
1994 – Grande Prémio do Conto da Associação Portuguesa de Escritores (por Os Sensos Incomuns)
1994 – Prémio P.E.N. Clube (na categoria de ficção por Os Sensos Incomuns)
2004 – Condecoração pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
- Descarregar documento para impressão
MARIA TERESA HORTA
Maria Teresa de Mascarenhas Horta nasceu em Lisboa, a 20 de Maio de 1937. Proveniente de uma família da alta aristocrata (descendente da Marquesa de Alorna), Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, dirigiu o ABC-Cine Clube nos anos 60 e 70 e participou activamente nos movimentos feministas e de emancipação da mulher. O jornalismo, a poesia e a ficção são as suas principais áreas de trabalho, sendo ainda autora, com António Macedo, de uma curta-metragem (Verão Coincidente, 1962) inspirada na sua poesia.
Enquanto jornalista, no período anterior ao 25 de Abril, foi coordenadora do suplemento Literatura & Arte do jornal A Capital; chefiou a revista Mulheres, um importante difusor do Movimento de Libertação das Mulheres. Colaborou ainda em jornais como Diário de Notícias, Diário de Lisboa, O Século ou República e revistas como Seara Nova, Vértice, Colóquio/ Letras e Eva, entre outras.
Maria Teresa Horta estreou-se com Espelho Inicial, em 1960, estando logo depois associada à publicação colectiva Poesia 61, com a plaquette Tatuagem. O seu nome está ligado à exploração poética do erotismo, da sublimação do corpo, da libertação feminina e da vivência da sexualidade. O seu discurso é marcadamente plurissignificativo e conotativo, vincando uma linguagem que apela à sensualidade. A temática do amor perpassa a sua obra associando-se ao eros e à fusão do homem e da mulher como duas metades complementares que fazem o seu percurso, procurando encontrar-se.
Dentro do conjunto da sua obra, destacam-se os títulos Minha Senhora de Mim (1971), A Paixão segundo Constança H. (1994) e Só de Amor (1999). Coligiu a sua obra poética em Poesia Reunida (2009) e publicou recentemente As Luzes de Leonor (2011), Poemas para Leonor (2012) e A Dama e o Unicórnio (2013). Ainda em 2014, será lançado o seu livro de contos Meninas.
Para mais informações, visitar a Página Oficial da escritora no Facebook
Obras Publicadas
- Espelho Inicial (Faro: Edição da autora, 1960)
- Tatuagem, in Poesia 61 (Faro: Edição dos autores, 1961)
- Cidadelas Submersas (Covilhã: Pedras Brancas)
- O Delator (peça em um acto), in Novíssimo Teatro Português (Lisboa: Ao Sol, 1961)
- Verão Coincidente (Lisboa: Guimarães Editores, 1962)
- Amor Habitado (Lisboa: Guimarães Editores, 1963)
- Candelabro (Lisboa: Guimarães Editores, 1964)
- Jardim de Inverno (Lisboa: Guimarães Editores, 1966)
- Cronista Não é Recado (Lisboa: Guimarães Editores, 1967)
- Ambas as Mãos sobre o Corpo (Mem-Martins: Europa-América, 1970; 4ª. edição, Dom Quixote/Leya, 2014)
- Minha Senhora de Mim (Lisboa: D. Quixote, 1971; 3ª. edição, Gótica, 2001)
- Novas Cartas Portuguesas (com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno) (Lisboa: Estúdios Cor, 1972; reedições: Futura, 1974; Moraes, 1980 [com prefácios de Maria de Lurdes Pintasilgo]; Dom Quixote, 1998; Dom Quixote, 2010 [Edição anotada, org. Ana Luísa Amaral])
- Ana (Lisboa: Futura, 1974)
- Ana (edição bilingue) (Paris: Éditions des Femmes, 1982)
- Educação Sentimental (Lisboa: A Comuna, 1975)
- Aborto – Direito ao nosso Corpo (inquérito conduzido com Célia Metrass e Helena Sá Medeiros) (Lisboa: Editorial Futura, 1975)
- Mulheres de Abril (Lisboa: Caminho, 1976)
- Poesia Completa I e II (1960-1982) (Lisboa: Litexa, 1983)
- Os Anjos (Lisboa: Litexa, 1983)
- Os Anjos (álbum com ilustrações de Isabel Lobinho) (Lisboa: Litexa, 1983)
- O Transfer (Lisboa: Feminino Plural, 1984)
- Ema (Lisboa: Rolim, 1984; 2ª. edição, 1985)
- Minha Mãe, Meu Amor (Lisboa: Rolim, 1984)
- Cristina (Lisboa: Rolim, 1985)
- Rosa Sangrenta (Lisboa: Nova Nórdica, 1987)
- Antologia Poética (org. David Mourão-Ferreira) (Lisboa, Círculo de Leitores, 1994)
- A Paixão segundo Constança H. (Lisboa: Bertrand 1994; 2º. edição, 2010).
- Destino (Lisboa: Quetzal, 1997)
- A Mãe na Literatura Portuguesa (Lisboa: Círculo de Leitores, 1999)
- Só de Amor (Lisboa: Quetzal, 1999)
- Antologia Pessoal – 100 poemas (Lisboa: Gótica, 2003)
- Les Sorcières – Feiticeiras (edição bilingue, trad. Catherine Dumas) (Arles: Actes-Sud, 2006)
- Inquietude (n.p.: Quasi, 2006)
- Cem Poemas + 21 inéditos (Antologia Pessoal) (Rio de Janeiro: editora 7Letras, 2007)
- As Palavras Secretas (n.p.: Escrituras, 2007)
- Poemas do Brasil (S. Paulo: Editora Brasiliense, 2009)
- Poesia Reunida (Lisboa: D. Quixote, 2009)
- As Luzes de Leonor (Lisboa: D. Quixote, 2011; 7ª. edição, Dom Quixote/Leya, 2013)
- As Palavras do Corpo (antologia de poesia erótica) (Lisboa: Dom Quixote/Leya, 2012)
- Poemas para Leonor (Lisboa: Dom Quixote/Leya, 2012)
- A Dama e o Unicórnio (Lisboa: Dom Quixote/Leya, 2013)
- Azul Cobalto (antologia de contos) (Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2014)
- Meninas (contos) (Lisboa: Dom Quixote/Leya, 2014; no prelo)
Prémios e Distinções
1986 – Prémio Revista Mulheres (pela obra Minha Mãe, Meu Amor).
2004 – Condecoração pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
2008 – Prémio Paridade: Mulheres e Homens na Comunicação Social, atribuído pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
2010 – Prémio Máxima Vida Literária (pela obra Poesia Reunida)
2012 – Prémio D. Dinis, Fundação Casa de Mateus (pela obra As Luzes de Leonor)
2012 – Prémio Máxima Literatura (pela obra As Luzes de Leonor)
2014 – Homenageada pelas Correntes d’Escritas
2014 – Prémio Consagração de Carreira, Sociedade Portuguesa de Autores
- Descarregar documento para impressão
MARIA VELHO DA COSTA
Maria de Fátima Bívar Velho da Costa nasceu em Lisboa, a 26 de Junho de 1938. Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa, trabalhou no ensino público e privado, foi funcionária do INII (Instituto Nacional de Investigação Industrial) e foi leitora do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros do King’s College, na Universidade de Londres (entre 1980 e 1987). Integrou a Associação Portuguesa de Escritores entre 1973 e 1978, desempenhando os cargos de membro da Direcção e de Presidente. Encarregada pelo Estado Português de desempenhar diversas funções de cariz cultural, foi adjunta do Secretário de Estado da Cultura em 1979, adida cultural em Cabo Verde (1988-1991) e participou também no projecto da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
O seu trabalho literário contribuiu para o movimento de renovação na literatura portuguesa da década de 60 do século XX, destacando-se o carácter inovador do seu experimentalismo linguístico, a transgressão formal e o diálogo com a literatura tradicional portuguesa. A juntar à riqueza estilística e lexical, a obra de Maria Velho da Costa revela ousadia e inconformismo, e aborda temáticas como a crítica à sociedade e à moralidade vigente e ainda a denúncia da condição social, cívica, jurídica e humana da mulher. Este aspecto é mais evidente em Novas Cartas Portuguesas, escrita em 1972, em parceria com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta.
No entanto, a estreia de Maria Velho da Costa ocorrera já em 1963, com O Lugar Comum, ao qual se seguiu Maina Mendes (1969), uma das suas obras mais conhecidas e um marco revolucionário na ficção portuguesa contemporânea. Dentro do conjunto da sua premiada obra, destacam-se romances como Casas Pardas (1977) e Missa in Albis (1988), crónicas, contos, obras de vertente social e textos dramáticos como Madame (1999), que junta as personagens femininas Capitu (de Dom Casmurro, de Machado de Assis) e Maria Eduarda (de Os Maias, de Eça de Queirós). A autora colaborou ainda regularmente no cinema, nomeadamente na escrita e adaptação de argumentos nas películas de cineastas como João César Monteiro (Veredas e Que farei eu com esta espada?, entre outros) e Margarida Gil (Rosa Negra e Anjo da Guarda).
Obras Publicadas
- O Lugar Comum (Lisboa: Moraes, 1963)
-
Maina Mendes (Lisboa: Moraes, 1969; 3.ª ed. D. Quixote, 1993)
- Ensino Primário e Ideologia (Lisboa: D. Quixote, 1972)
- Novas Cartas Portuguesas (com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno) (Lisboa: Estúdios Cor, 1972)
- Desescrita (Porto: Afrontamento, 1973)
-
Revolução e Mulheres (Lisboa: Plátano Editora, 1975)
- Cravo (Lisboa: Moraes, 1976; 2.ª ed. D. Quixote, 1994)
- Português; Trabalhador; Doente Mental (Lisboa: Seara Nova, 1977)
-
Casas Pardas (Lisboa: Moraes, 1977; 4.ª ed. D. Quixote, 1996)
-
Da Rosa Fixa (Lisboa: Moraes, 1978)
-
Corpo Verde (Lisboa: Contexto, 1979)
- Lucialima (Lisboa: O Jornal, 1983; 4.ª ed. D. Quixote, 1997)
- O Mapa Cor de Rosa (Lisboa: D. Quixote, 1984)
-
Missa in Albis (Lisboa: D. Quixote, 1988)
- Das Áfricas (com José Afonso Furtado) (Lisboa: Difusão Cultural, 1991)
-
Dores (contos, com Teresa Dias Coelho) (Lisboa: D. Quixote, 1994)
- Madame (Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores/D. Quixote, 1999)
-
Irene ou o Contrato Social (Lisboa: D. Quixote, 2000)
- Inferno (com António Cabrita) (Almada: Íman, 2002)
-
O Amante do Crato (Lisboa: Ed. ASA, 2002)
-
O Livro do Meio (com Armando Silva Carvalho) (Lisboa: Caminho, 2006)
- Myra (Lisboa: Assírio e Alvim, 2008)
Prémios e Distinções
1977– Prémio Cidade de Lisboa (pela obra Casas Pardas)
1983– Prémio D. Dinis (pela obra Lucialima)
1989 – Prémio de ficção do P.E.N. Clube
1994– Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco (pela obra Dores)
1995– Prémio da Crítica da Associação Internacional de Críticos Literários
1997– Prémio Vergílio Ferreira (pela Universidade de Évora)
2000– Prémio de Novela e Romance da APE (pela obra Irene ou o Contrato Social)
2002– Prémio Camões
2008– Prémio P.E.N. Clube Português (na categoria de ficção com a obra Myra)
2009– Prémio Máxima da Literatura (com a obra Myra)
2010– Prémio Literário Casino da Póvoa/ Correntes d’Escritas (com a obra Myra)
2010– Grande Prémio da Literatura do Grupo DST (com a obra Myra)
2011– Condecoração Grande Oficial da Ordem da Liberdade
- Descarregar documento para impressão
|
|
|